Malévola e a Psicanálise: Luzes e Sombras na Alma Humana
Histórias infantis são sempre fonte de simplicidade e profundidade, um espelho de nossas buscas internas.
Veja Malévola, por exemplo, a personagem que se tornou mais conhecida até do que A Bela Adormecida, cuja história original era antagonista. Na releitura dos cinemas, ela se apresenta como uma figura complexa, uma mescla de sombras e luzes, um reflexo próprio das jornadas humanas. Neste texto, vamos buscar compreender essa figura, abrindo espaço para uma discussão mais profunda sobre psicanálise, terapia, e o que essas práticas podem nos ensinar sobre nossas próprias luzes e sombras.
A palavra Malévola vem do latim – Maleficentia – “tendência para fazer o mal.”
Assim, poderíamos dizer que ela é apenas humana, não é? Afinal, quem de nós nunca se consumiu, ao menos uma vez, em um impulso negativo?
Com isso já vem algumas perguntas: seria a maldade algo intrínseco? Ou será que, em algum nível, todos nós carregamos o potencial tanto para o bem quanto para o mal? Esse equilíbrio, tão natural, é o que torna Malévola uma personagem fascinante para explorar.
Malévola e a Psicanálise: Explorando as Sombras da Jornada
No início, Malévola é uma criatura repleta de empatia e amor, que vive em harmonia com o paraíso que protege. Ela é feliz em seu casulo. Ela é poderosa, mas também ingênua, sem contato com as sombras que existem no mundo externo. Mas, ao se deparar com a traição e o abuso, sua realidade se transforma: sentimentos que nunca havia sentido, como mágoa, ódio e medo, tomam conta de sua essência. Essa explosão de emoções, de certa forma, ressignifica a sua identidade, gerando uma nova Malévola — alguém que usa sua dor como armadura e a transforma em uma força destrutiva e defensiva.
Assim, onde antes havia amor e compaixão, agora há medo, desconfiança e, por isso, vingança. Na tentativa desesperada de se proteger, Malévola constrói fortalezas emocionais que a isolam e endurecem. Ela veste uma couraça ameaçadora, que afasta os outros e silencia qualquer possibilidade de vulnerabilidade. No entanto, essa transformação não a liberta do sofrimento; ao contrário, perpetua o ciclo de dor.
Psicanálise e a Jornada para Enfrentar a Sombra e Alcançar a Luz
Malévola nos ensina que, ao não enfrentar nossas dores e traumas, ficamos presos às nossas sombras, paralisados em nossa jornada de desenvolvimento. É aqui que o olhar para dentro entra como uma ferramenta essencial. A verdadeira jornada de profundidade começa quando somos capazes de olhar para essas “sombras” internas, nomeá-las e compreender suas origens. Enfrentar nossa “Malévola” interna significa encontrar nossas potencialidades originais, aquelas que ficaram escondidas, protegidas sob camadas de defesa.
Nesta caminhada, aprendemos que sentimentos como mágoa, raiva e medo não precisam ser negados, mas sim compreendidos. Cada emoção carrega uma história, uma lembrança, e ao darmos lugares a elas, podemos redescobrir nossos potenciais de amor e compaixão, como Malévola em sua essência. A nossa história, nos mostra que há beleza na complexidade humana — que todos temos tanto sombras quanto luzes, e que ambos fazem parte de uma jornada maior de autoconhecimento.
Luzes e Sombras na Psicanálise: Reflexões para a Terapia Online
Na vida real, como na ficção, somos constantemente desafiados por nossas sombras. Às vezes, caímos no erro de achar que a dor, a raiva ou o ressentimento devem ser varridos para debaixo do tapete, damos a elas um juízo moral de algo errado. Mas Malévola nos lembra que, sem enfrentar esses sentimentos, eles continuam a crescer e a retornar, sufocando nossa capacidade de enxergar a luz. A experiência humana, com suas luzes e sombras, é uma dança entre o que somos, o que queremos e o que podemos ser.
Assim, ao olhar para nossas próprias sombras, abraçamos a complexidade da nossa alma. Fica o convite para despertar, para trilhar o caminho adormecido das nossas emoções, aprendendo com cada passo, tombo e cada sentimento. Afinal, o que faz de nós humanos é essa habilidade de navegar entre luzes e sombras, encontrando, dentro do olhar furioso da nossa “Malévola” interna, o potencial para sermos genuinamente completos.
Ou você pode ficar aí, dormindo na torre, esperando seu despertar por um beijo de alguém que você nem mesmo conhece.