Quer olhar para Deus? Olhe para seu pai.
Título forte, chamativo. Parece papo de coach? É, mas também não é. Leia até o final que você vai entender.
Quero começar por dizer que aqui não importa se você acredita ou não em Deus e em que Deus você acredita, para este texto não é relevante. A coisa é bem mais humana do que você pensa.
Todos nós temos alguma relação com Deus seja pela crença ou pela negação. Fomos e somos educados nesta estrutura (lembra da água para o peixe do aquário?), que nos leva a olhar com frequência para a ideia de um alguém que tudo vê, e sabe o que é melhor para nós.
Qual sua relação com esta figura? …
Acredita? Não? Teme? Ama? Idolatra? Se for possível agora, faça uma pausa de segundos e pense em sua relação com esta “força”. Em seguida, anote os seus sentimentos em relação a ela.
……
Feito?
Agora pense em seu pai. Lembrando que pai neste exercício pode ser representado por aquele cara que geneticamente é responsável por 50% do seu DNA, mas também por quem foi a primeira pessoa figura de autoridade na sua vida. Pode ser que sejam pessoas distintas. Você pode ter convivido com esta pessoa, ou não. Pode ser inclusive que você nunca tenha estado com esta pessoa. Apenas lembre-se de separar os sentimentos referentes a cada uma das figuras.
Faça o mesmo exercício que pedi em relação à representação Deus.
……
Feito?
Então vamos lá!
Seus sentimentos entre Deus e pai conversam? São similares? Antagônicos? Colidem, separam-se? Acredito que de uma maneira geral tenham algum sentido entre si, sendo coincidentes ou contrários.
Sig (ou Freud para quem tem menos intimidade), afirma que a nossa relação com Deus está diretamente conectada à nossa relação com nosso pai – em especial o biológico – assim como com a figura de autoridade de nossa infância.
Deus é uma projeção do pai – figura de autoridade e conduta!
Assim, nossa fé e espiritualidade são uma extensão de nossos sentimentos e experiências com nosso pai da infância. Faz sentido para você?
Quando bebês e crianças buscamos segurança e proteção. Essa necessidade – principalmente se não for elaborada – ultrapassa o nosso desenvolvimento chegando a adultez, que nos leva a projetar este pai onisciente, possuidor das regras e punitivo, em uma figura celeste inalcançável, mas que também nos traz significado e nos guia, pois somos filhos. Nossa necessidade de nutrição e acolhimento também podem se projetar na escolha de uma religião (religare), que é o reflexo do cuidado que desejamos da mãe.
Nós criamos expectativas sobre o atendimento de nossos desejos quando voltados para estas figuras , que em nossa vida adulta se apresentam refletidas em um espelho embaçado, onde buscamos, tememos e por vezes barganhamos.
A barganha eu vejo com especial curiosidade, quando pessoas fazem promessas de realizar ou entregar verdadeiros sacrifícios em troca de milagres, regredidos a crianças ou adolescentes que ao agradar aos pais comendo legumes ou arrumando o quarto, recebem presentes. Quando na verdade, estão realizando ações que são positivas para si mesmos.
Reconhecer a influência de nossa relação inicial com nossos pais ou cuidadores dentro de nossa espiritualidade, pode nos ajudar a compreender melhor nossos próprios sentimentos e crenças religiosas. Isso não significa que a religião seja reduzida somente a projeção do psiquismo, mas sim que ela é uma parte intrincada de nossa experiência humana.
Lembre-se: aqui não há críticas a respeito de crenças ou a ausência delas.
Quando projetamos nossas angústias, necessidades, dores, anseios e expectativas de sucesso nas graças de seres celestiais e divinos, retornamos ao estágio infantilizado de choro e súplica a criaturas a quem acreditamos muito poderosas e capazes de nutrir e cuidar de nós. Assim como também de nos punir, caso saiamos do trilho.
Com isso abrimos mão da ação em nossa própria existência e nos entregamos a um destino que não nos cabe, pois se não o provocamos também não somos responsáveis por mudá-lo. – Está nas mãos de Deus.
A reflexão que proponho é a seguinte: Crenças positivas são muito importantes, ainda que seja crer em si mesmo! Estudos comprovam que a fé tem importante papel de estímulo e cura para os seres humanos, mas isso não significa que devemos ficar parados esperando ou entregues a vontades que não são nossas, ou pelo menos não deveriam ser.
E para conhecer nossos desejos, o caminho mais objetivo é nos submetermos a um processo profundo de análise!
A partir daí sim, quer olhar para Deus? Olhe para o espelho, olhe para si. Quando passamos a nos conhecer profundamente, tudo começa a fazer sentido.
Faça análise e uma oração! 🙂 (não quer orar tudo bem, mas por favor, faça análise!!!!)
Um abraço.
Veja o vídeo que fiz para o TikTok, um teaser para este post:
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