Refletindo sobre prioridade e saúde mental.
A prioridade é uma das questões mais complexas que observo em meus atendimentos diários. Compreender o que ela significa, estabelecer seu lugar adequado e diferenciá-la daquilo que não é prioridade, mas ainda assim é importante, são desafios constantes.
Prioridade refere-se ao que precisa ser abordado no momento, ao que escolhemos focar dentro de nossos objetivos. Uma vantagem é que a prioridade tem um tempo definido para começar e para terminar. No entanto, o lado negativo é a culpa que pode surgir pela não compreensão de seu papel, e às vezes, pelas complicações nos relacionamentos quando a prioridade de alguém é ressaltada.
É crucial distinguir prioridade de importância. Há muitas coisas importantes em nossa vida e no dia a dia, variando para cada indivíduo: família, amigos, relacionamentos afetivos, trabalho, dinheiro, saúde, esportes, maratonas de séries, livros etc. Tudo o que faz sentido significativo em minha vida e trajetória é importante para mim, sem julgamentos.
A prioridade é um elemento importante que assume a liderança na lista de importâncias e, até que seja concluída, todo o resto segue em segundo plano. Para questões mais pontuais, investir em um processo de coaching pode ser a chave para desenvolver habilidades de gestão de prioridades. No entanto, para uma abordagem mais profunda e introspectiva, considerar investir em análise pode proporcionar insights e transformações mais profundas.
Por exemplo, se tenho filhos e sou um profissional com um relacionamento amoroso, idealmente, enquanto estou no trabalho, meus filhos e meu parceiro ficam em segundo plano. Mas assim que encerro o trabalho, me dedico exclusivamente aos meus filhos enquanto estou com eles, e eles também ficam em segundo plano quando estou com meu parceiro.
A maioria de nós enfrenta dificuldades para gerenciar essa dinâmica, sentindo-nos esgotados quando nossas várias responsabilidades se entrelaçam de forma a consumir mais energia do que gostaríamos, deixando outras áreas menos atendidas.
Recentemente, uma paciente relatou sentir-se culpada e angustiada porque consegue se desconectar de outras questões com facilidade quando foca em algo específico. Se está com as amigas, está totalmente presente, não olha o telefone; se está trabalhando, da mesma forma; e quando está em casa com os filhos, o trabalho fica completamente de lado, e o mesmo ocorre quando está com o marido.
Trabalhamos intensamente em nossas sessões para ela aprender a ter conversas abertas com cada pessoa importante em sua vida, explicando que se sente mais saudável agindo assim, priorizando o momento presente.
Confesso que até senti uma ponta de inveja da maturidade que ela mostrou. No trabalho, onde ela ocupa um cargo de destaque, todos compreenderam e criaram regras para respeitar essa dinâmica. Alguns colegas até começaram a adotar seu comportamento. No entanto, com a família, as coisas foram mais complicadas.
A principal queixa do marido e dos filhos era se sentirem negligenciados quando não estavam diretamente envolvidos. Eles não conseguiam aceitar não serem sempre a prioridade na vida dela, o que me levou a refletir: por que é tão importante para nós sermos o centro do universo de alguém?
Será que isso revela nosso próprio vazio por não nos sentirmos plenos com nossas vidas e atividades, esperando sempre ser o foco principal de alguém?
Acredito que quando nos sentimos realizados em nossa existência, sem confundir realização com felicidade contínua, conseguimos compreender melhor as prioridades dos que amamos, e ainda assim, nos sentirmos valorizados.
Ao final, meus encontros e minha satisfação me preenchem, permitindo que o outro também exista plenamente em sua totalidade.
Você está estabelecendo bem sua prioridade?
Você sabe o que é importante para você?
Você se sente uma pessoa realizada?
Faça análise! A resposta a estas perguntas significativas virá no seu processo!