Setembro Amarelo: A Importância do diálogo e do Cuidado com a Saúde Mental dos Jovens
O Setembro Amarelo é uma campanha que talvez você já tenha ouvido falar, mas pode não conhecer em detalhes ou compreender a sua verdadeira importância. Trata-se de uma iniciativa essencial, que faz uma grande diferença, especialmente na vida de jovens e adolescentes.
Em 1994, em Westminster, Colorado, nos Estados Unidos, vivia um jovem chamado Mike Emme, de 17 anos. Ele era conhecido por sua simpatia e habilidade com mecânica, além de ser apaixonado por carros. Mike restaurou um Mustang 1968, um clássico que se tornou famoso em sua cidade por ser amarelo brilhante.
Apesar de ser um rapaz alegre, afetuoso, com família e amigos, Mike enfrentava dificuldades emocionais profundas, que acabaram levando-o a morrer por suicídio. Seus amigos e familiares, em meio ao luto, encontraram uma forma de chamar a atenção da comunidade, na esperança de que outras pessoas não enfrentassem a mesma dor: no funeral de Mike, distribuíram cartões com fitas amarelas e uma simples mensagem: “Se você precisar, peça ajuda.”
Essa ideia de espalhar mensagens de apoio se expandiu pelo país e, com o tempo, ganhou força ao redor do mundo. No Brasil, o Setembro Amarelo foi oficialmente adotado em 2015 e, desde então, temos visto um esforço crescente para conscientizar as pessoas sobre a importância de falar sobre saúde mental e prevenção ao suicídio.
Falar sobre saúde mental, especialmente entre jovens e adolescentes, é fundamental e pode gerar grandes mudanças. Esta fase da vida é marcada por desafios emocionais, como ansiedade, depressão e pressão social, amplificados pelas redes sociais. As taxas de morte por suicídio entre jovens continuam a aumentar globalmente, e 2023 não foi diferente. No Brasil, a taxa entre jovens de 15 a 29 anos segue alarmante, o que reforça a necessidade de discutirmos e agirmos sobre o tema.
As escolas podem ser um refúgio onde esses jovens encontram apoio, mas para isso, professores, coordenadores e pais precisam estar preparados para identificar sinais de que algo não está bem. Infelizmente, pouquíssimas instituições que lidam com adolescentes estão realmente preparadas para essa função.
A questão é que não basta realizar uma semana temática, um mês de atividades, palestras esporádicas ou investir apenas em pós-venção quando uma ocorrência já aconteceu. A comunicação aberta é fundamental na prevenção, e o investimento contínuo em saúde mental é decisivo para a proteção e construção de jovens que podem estar em sofrimento agudo.
Quando os jovens sentem que podem falar sobre seus sentimentos sem medo de julgamento, ficam mais dispostos a buscar ajuda! Eu repito: Quando os jovens sentem que podem falar sobre seus sentimentos sem medo de julgamento, ficam mais dispostos a buscar ajuda!
Nesse contexto, a psicanálise surge como uma ferramenta potencialmente transformadora. Diferente de outras abordagens, a psicanálise oferece um espaço onde o indivíduo pode explorar suas emoções e pensamentos de maneira profunda e segura. Ela ajuda a entender as raízes das questões emocionais, o que é crucial para a prevenção do adoecimento psíquico. Imagine um adolescente que enfrenta um processo depressivo ou mesmo uma tristeza acentuada: através da psicanálise, ele pode começar a identificar padrões de pensamento e comportamento que alimentam seu sofrimento, encontrando novas maneiras de lidar com suas emoções antes que a situação se agrave. Além disso, a psicanálise contribui para a construção de um senso de autonomia, identidade e propósito, algo fundamental durante a adolescência.
Mas a prevenção começa em casa. É essencial que as famílias e os responsáveis invistam na saúde mental de seus filhos desde cedo. Isso não significa apenas procurar um terapeuta quando algo parece errado, mas também criar um ambiente onde o diálogo sobre emoções e sentimentos seja natural e incentivado, principalmente entre meninos.
Estar atento ao que os filhos estão vivenciando, prestar atenção aos sinais de que algo não está bem e, acima de tudo, oferecer apoio incondicional pode fazer toda a diferença. Dizer: “Eu estou aqui para te ouvir. Aqui você está seguro para falar sobre tudo o que é importante para você” e realmente ouvir aquele jovem em formação é essencial. Não se assuste se, muitas vezes, você não souber a resposta; o fato de ouvir já ajuda a dividir a dor.
Muitas vezes, os jovens se sentem sobrecarregados e solitários, e saber que têm alguém com quem contar alivia essa pressão. O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio é uma responsabilidade de todos. Falar sobre saúde mental, especialmente com os jovens, salva vidas! Ajudar a entender e transformar o sofrimento antes que ele se torne insuportável é uma ferramenta poderosa nesse processo. Cuidar da saúde mental dos nossos jovens é investir em um futuro mais saudável e consciente.
Que o Setembro Amarelo nos inspire a continuar essa conversa durante todo o ano, para que nenhum jovem se sinta sozinho.
A prevenção começa na escuta, a vida vale a conversa.